sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Estou sem criatividade para bolar um título bacana

de Lagarto, veja Lagarto (desambiguação).
Município de Lagarto
"Papa-Jaca"
Bandeira de Lagarto
Brasão de Lagarto
Bandeira Brasão
Hino
Fundação 1698
Gentílico lagartense
Lema Cidade Ternura
Prefeito(a) José Valmir Monteiro (PSC)
(20092012)
Localização
Localização de Lagarto
Localização em Sergipe
Lagarto (Sergipe) está localizado na Brasil
Localização no Brasil
10° 55' 01" S 37° 39' 00" O10° 55' 01" S 37° 39' 00" O
Unidade federativa  Sergipe
Mesorregião Agreste Sergipano IBGE/2008[1]
Microrregião Agreste de Lagarto IBGE/2008[1]
Municípios limítrofes Simão Dias, Riachão do Dantas, Boquim, Salgado, Itaporanga d'Ajuda e Campo do Brito, São Domingos, Macambira e Pedra Mole
Distância até a capital 75 km
Características geográficas
Área 969,226 km² [2]
População 94 852 hab. IBGE/2010[3]
Densidade 97,86 hab./km²
Altitude 183 m
Clima Semi-árido
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH 0,614 médio PNUD/2000[4]
PIB R$ 584 195,049 mil IBGE/2008[5]
PIB per capita R$ 6 371,00 IBGE/2008[5]
Lagarto é um município brasileiro do estado de Sergipe. Está localizado na região centro-sul do Estado, tendo a maior população do interior, e a terceira maior do Estado de Sergipe.

Índice

 [esconder

[editar] História

[editar] Geografia

Localiza-se a uma latitude 10º55'02" sul e a uma longitude 37º39'00" oeste, estando a uma altitude de 183 metros. Possui uma área de 1.036 Km² [6] e está situado na microrregião agreste de Lagarto. A hidrografia do município é composta pelos rios Vaza-Barris, Piauí, Jacaré, Piauitinga de Cima, Machado e Caiça, pelos riachos Oiti, Pombos, Flexas e Urubutinga. No seu solo, há riquezas minerais exploradas e inexploradas: argila, calcário, mármore, enxofre, e pedras de revestimento. Sua área de preservação são as piscinas do povoado Brejo, as - fontes naturais -, o Balneário Bica (fonte natural no perímetro urbano).
Hoje, há mais de 100 povoados que compõem o município. Os principais são Colônia Treze, Açuzinho, Açu, Caraíbas, Brasília, Brejo, Jenipapo, Gameleiro, Urubutinga, Araçás, Estancinha,Urubu Grande, Boa Vista do Urubu, Coqueiro, Boieiro, Mariquita, Tapera dos Modestos, Rio Fundo, Quilombo, Telha, Pururuca, Santo Antônio, Taperinha, Itaperinha, Tanque, Curralinho, Campo do Crioulo, Gavião, Oiteiros, Brejo, Moita Redonda, Fazenda Grande, Tapera do Saco, Sobrado, Pé da Serra do Qui, Luís Freire, Mangabeira, Rio das Vacas, Olhos d'Água,Pindoba, Barro Vermelho,Limoeiro, Fundão, etc.

[editar] Demografia

A população de Lagarto é mista, com predominância de ascendência portuguesa. Segundo o censo do IBGE em 2010, sua população é de 94.852 habitantes[3]. Mantendo o percentual de crescimento em comparação com o resultado do Censo 2010, com a estimativa populacional do IBGE de 2009[7], estima-se que no ano de 2012 a população alcance 100.000 habitantes.
Conforme o censo 2010 mostra[3], que 48,46% da população reside na zona rural, com 45.963 habitantes; já a zona urbana tem 51,54%, com 48.889 habitantes. A população masculina é de 46.498 (49,02%), e a feminina é de 48.354 (50,98%). Possui 33.532 domicílios.de Lagarto, veja Lagarto (desambiguação).
Município de Lagarto
"Papa-Jaca"
Bandeira de Lagarto
Brasão de Lagarto
Bandeira Brasão
Hino
Fundação 1698
Gentílico lagartense
Lema Cidade Ternura
Prefeito(a) José Valmir Monteiro (PSC)
(20092012)
Localização
Localização de Lagarto
Localização em Sergipe
Lagarto (Sergipe) está localizado na Brasil
Localização no Brasil
10° 55' 01" S 37° 39' 00" O10° 55' 01" S 37° 39' 00" O
Unidade federativa  Sergipe
Mesorregião Agreste Sergipano IBGE/2008[1]
Microrregião Agreste de Lagarto IBGE/2008[1]
Municípios limítrofes Simão Dias, Riachão do Dantas, Boquim, Salgado, Itaporanga d'Ajuda e Campo do Brito, São Domingos, Macambira e Pedra Mole
Distância até a capital 75 km
Características geográficas
Área 969,226 km² [2]
População 94 852 hab. IBGE/2010[3]
Densidade 97,86 hab./km²
Altitude 183 m
Clima Semi-árido
Fuso horário UTC−3
Indicadores
IDH 0,614 médio PNUD/2000[4]
PIB R$ 584 195,049 mil IBGE/2008[5]
PIB per capita R$ 6 371,00 IBGE/2008[5]
Lagarto é um município brasileiro do estado de Sergipe. Está localizado na região centro-sul do Estado, tendo a maior população do interior, e a terceira maior do Estado de Sergipe.

Índice

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[editar] História

[editar] Geografia

Localiza-se a uma latitude 10º55'02" sul e a uma longitude 37º39'00" oeste, estando a uma altitude de 183 metros. Possui uma área de 1.036 Km² [6] e está situado na microrregião agreste de Lagarto. A hidrografia do município é composta pelos rios Vaza-Barris, Piauí, Jacaré, Piauitinga de Cima, Machado e Caiça, pelos riachos Oiti, Pombos, Flexas e Urubutinga. No seu solo, há riquezas minerais exploradas e inexploradas: argila, calcário, mármore, enxofre, e pedras de revestimento. Sua área de preservação são as piscinas do povoado Brejo, as - fontes naturais -, o Balneário Bica (fonte natural no perímetro urbano).
Hoje, há mais de 100 povoados que compõem o município. Os principais são Colônia Treze, Açuzinho, Açu, Caraíbas, Brasília, Brejo, Jenipapo, Gameleiro, Urubutinga, Araçás, Estancinha,Urubu Grande, Boa Vista do Urubu, Coqueiro, Boieiro, Mariquita, Tapera dos Modestos, Rio Fundo, Quilombo, Telha, Pururuca, Santo Antônio, Taperinha, Itaperinha, Tanque, Curralinho, Campo do Crioulo, Gavião, Oiteiros, Brejo, Moita Redonda, Fazenda Grande, Tapera do Saco, Sobrado, Pé da Serra do Qui, Luís Freire, Mangabeira, Rio das Vacas, Olhos d'Água,Pindoba, Barro Vermelho,Limoeiro, Fundão, etc.

[editar] Demografia

A população de Lagarto é mista, com predominância de ascendência portuguesa. Segundo o censo do IBGE em 2010, sua população é de 94.852 habitantes[3]. Mantendo o percentual de crescimento em comparação com o resultado do Censo 2010, com a estimativa populacional do IBGE de 2009[7], estima-se que no ano de 2012 a população alcance 100.000 habitantes.
Conforme o censo 2010 mostra[3], que 48,46% da população reside na zona rural, com 45.963 habitantes; já a zona urbana tem 51,54%, com 48.889 habitantes. A população masculina é de 46.498 (49,02%), e a feminina é de 48.354 (50,98%). Possui 33.532 domicílios.

[editar] Política

[editar] Bole-Bole x Saramandaia

Em Lagarto existe uma briga histórica entre esses dois grupos políticos, inspirada na novela da Rede Globo Saramandaia, uma cidade pequena onde havia dois grupos políticos, onde a questão maior era mudar o nome da cidade de Bole-Bole para Saramandaia. Em Lagarto no início as principais lideranças eram Dionízio Machado e Artur de Oliveira Reis (Artur do Gavião) pelo SARAMANDAIA e Rosendo Ribeiro Filho (Ribeirinho) pelo BOLE-BOLE, mas devido a idade avançada dos dois caçiques, os dois gupos agora estão sendo liderados por: Saramandaia - Jerônimo Reis/Lila Fraga; Bole-Bole - José Raimundo Ribeiro (Cabo Zé)/Luíza Ribeiro. Esses grupos vem se alternando no poder desde os anos 80. Atualmente a Prefeitura de Lagarto está sendo comandada por um "Bole-bole" - Valmir Monteiro.
Principais lideranças desses dois históricos grupos:
  • Saramandaia: Dionízio Machado (ex-prefeito, ex-governador e ex-vice-governador) Artur Reis (ex-deputado estadual e ex-prefeito),Zezé Rocha (ex-prefeito), Jerônimo Reis (ex-deputado estadual, ex-prefeito, ex-deputado federal).
  • Bole-Bole: Ribeirinho (ex-prefeito e ex-Deputado estadual), Cabo Zé (ex-prefeito e ex-deputado estadual).
  • Indeterminado: Prefeito Valmir Monteiro

[editar] Administradores

  • Sebastião D'Ávila Garcez (1897-1902)
  • José Cirilo de Cerqueira (1902-1910)
  • Gonçalo Rodrigues da Costa (1911-1912)
  • Felipe Jaime Santiago (1912-1913)
  • Antônio Oliva (1914-1917)
  • Joaquim da Silveira Dantas (1918-1921)
  • Acrísio D'Ávila Garcez (1922-1925)
  • Porfírio Martins de Menezes (1926-1930)
  • Rosendo de Oliveira Machado (1931-1934)
  • Artur Gomes (interventor) (1935-1938)
  • Armando Feitosa Horta (interventor) (1939-1942)
  • José Marcelino Prata (interventor) (1943-1946)
  • José da Silveira Lins (eleito em 1946, governou pouco tempo, sendo substituído por interventores)
  • Aldemar Francisco Carvalho (interventor) (1947-1949)
  • Manoel Emílio de Carvalho (interventor) (1947-1949)
  • Alfredo Batista Prata (1950-1954)
  • Dionísio de Araújo Machado (1955-1958)
  • Antônio Martins de Menezes (1959-1962)
  • Rosendo Ribeiro Filho (Ribeirinho) (1963-1966)
  • Dionísio de Araújo Machado (1967-1970)
  • José Ribeiro de Souza (Zé Coletor) (1971-1972)
  • João Almeida Rocha (Dr. João) (1973-1976)
  • José Vieira Filho (1979-1981)
  • Artur de Oliveira Reis(Artur do Gavião) (1982-1988)
  • José Rodrigues dos Santos (Zezé Rocha) (1989-1992)
  • José Raymundo Ribeiro (Cabo Zé) (1993-1996)
  • Jerônimo de Oliveira Reis (1997-2002)
  • José Rodrigues dos Santos (Zezé Rocha) (2002-2008)
  • José Valmir Monteiro (2009-2012)

[editar] Economia

Em Lagarto, as atividades econômicas estão expressivamente pautadas nos produtos agrícolas, com destaque no cultivo de Tabaco e plantas cítricas. Na criação têm-se os rebanhos bovinos, eqüinos, ovinos, suínos; e os galináceos. A industrialização do Tabaco movimenta a economia do município em que mais da metade de sua produção é exportada para outros estados. Destaca-se ainda neste setor as indústrias de embalagens, concessionárias de veículos, fábricas de móveis, fábricas de velas, indústrias de produtos químicos e indústrias do gênero alimentício. A cidade também se destaca no plantio da Mandioca, por este motivo é realizado no mês de junho o Festival da Mandioca que atrai dezenas de milhares de pessoas para a cidade no período festivo.
Há no comércio local, aproximadamente 500 lojas de artigos diversos, duas lojas do Gbarbosa, sendo um Hipermercado, e também um Supermercado do grupo Wal-Mart, tendo como bandeira o Todo Dia. Há diversas revendedoras de carro de passeio e máquinas agrícolas, bem como de peças.
Dispõe de 6 agências bancárias, dos seguintes bancos: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Banese, Bradesco e Itaú.
No artesanato têm-se trabalhos em crochê, bordados em ponto-de-cruz e fabricação de vassouras de palha.
Afora essas atividades, há ainda uma feira livre. É uma das maiores do Estado de Sergipe e acontece toda segunda-feira, desde a madrugada até o entardecer. Todo o entorno da Praça Rosendo Ribeiro Filho é ocupado pela feira, que está subdividida em setores: frutas, verduras, carne, farinha, trocas, madeiras, roupas.
Há grandes empreendedores no Município, em que suas empresas geram milhares de empregos diretos e indiretos, e atua em vários setores da economia, da indústria à construção, do comércio à educação superior.
Está em construção um Shopping, [8] idealizado pelo empresário Zezé Rocha, o empreendimento deverá gerar cerca de 2.700 empregos diretos e indiretos. A área de construção será de mais de 30mil m² e o investimento em torno de R$ 80 milhões. O local escolhido para a localização do shopping foi estratégico, e ficará próximo ao Campus da UFS. O projeto prevê a instalação inicialmente de 145 lojas em dois pavimentos.

[editar] Estrutura urbana

[editar] Educação

As escolas de Lagarto incentivam muito a cultura e todo ano a Secretaria Municipal de Educação e Cultura organizam o tradicional Desfile Cívico-Militar de Lagarto, onde participam escolas da Rede Pública e Particular. As escolas que se destacam são: Públicas – Colégio Municipal Frei Cristóvão de Santo Hilário, Colégio Municipal Zezé Rocha, Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas (Polivalente), Escola Municipal Adelina Maria de Santana Souza, Colégio Estadual Silvio Romero (O mais antigo da cidade)Escola Estadual Dom Mário Rino Sivieri, Instituto Federal de Sergipe (Antiga UNED). Particulares – Colégio Nossa Senhora da Piedade (Colégio das Freiras), Colégio Cenecista Laudelino Freire, Grêmio Escolar Pequeno Príncipe, Fundação José Augusto Vieira, Colégio Mundial.
Instituições de ensino superior: Faculdade José Augusto Vieira, Universidade Vale do Acaraú, Universidade Tiradentes (EAD), Instituto Federal de Sergipe e o Campus Avançado da Saúde da Universidade Federal de Sergipe.
São características das escolas realizarem eventos e desfiles paralelos em diferentes épocas do ano: Carroceatas, Apresentações de Ballet, Projetos Pedagógicos, Palestras, entre outros.
Em 2008 a cidade de Lagarto recebeu o Prêmio EDUCAÇÃO NOTA 10, do Instituto Ayrton Senna, devido ao seu importante trabalho na educação, tanto na rede pública quanto particular.

[editar] Saúde

A cidade conta atualmente com o Hospital Regional de Lagarto que atende parte da população da região Centro-Sul do estado e o Hospital Nossa Senhora da Conceição. A cidade também possui duas Clínicas de Saúde da Família e outros centros de saúde, onde se destacam: Centro de Saúde Maria do Carmo Nascimento Alves, Centro de Diagnóstico Leandro Maciel - Posto do Leite, Centro Especializado Monsenhor Daltro, Unidade de Saúde do Povoado Brasília, Unidade de Saúde do Povoado Jenipapo, Unidade de Saúde da Colônia Treze.

[editar] Cultura e lazer

[editar] Folclore

Muitos grupos folclóricos fazem parte da cultura da cidade. Com o passar do tempo, muitos acabaram sendo esquecidos pela população local, entretanto, alguns continuam sendo preservados, tais como:
  • Chegança - Grupo de dança que retrata a luta entre reis católicos e turcos, pela reconquista do trono português
  • Parafusos - Esse grupo retrata a fuga dos escravos para quilombos. Ao passarem pelas vilas, eles roubavam anáguas de linho com babados das senhorinhas. Depois de serem libertados, desfilavam pelas ruas da cidade com as vestes. Segundo o historiador Adalberto Fonseca, o termo "Parafusos" foi criado pelo Padre Salomão Saraiva, que ao ver da igreja os escravos com saias exclamou que pareciam parafusos dançando. A expressão pegou e durante muitos anos, o desfile dos parafusos fazia parte do calendário folclórico da cidade.
  • Taieiras - Grupos de moças com vestes orientais que dançam em torno de um mastro enfeitado, ao som de música de zabumba, enquanto rapazes espadachins encenam lutas para proteger o casal real.
  • Cangaceiros- Grupos de homens vestidos como cangaceiros que relembram os atos de Lampião, visitando lojas e casas e pedindo comida e bebida, sob ameaça de agressão se não forem atendidos.
  • Zabumba- Grupo de homens que saem tocando instrumentos rúticos de percussão para animar festas de batizados, casamentos, e outras manifestações populares em troca de gorjetas, comida e bebida.
  • Quadrilhas - Grupo de rapazes, moças e até crianças que dançam músicas juninas sob o toque da sanfona. São apresentadas geralmente por escolas e atuam nos meses de junho/julho.
  • Silibrina - É uma comemoração antecipada da festa junina. Para alguns é até uma brincadeira eletrizante comemorando a chegada das festas juninas. É comemorada a mais de 80 anos e é organizada pelos fogueteiros :Zé Canuto, Dedé fogueteiro, Canuto filho, Sr. Defino , Hamilton Prata e Domingos da Colônia 13.
A silibrina é acompanhada pela banda de pífano e zabumbas do saudoso Zé Terreno e regada com muita cachaça.

[editar] Religião

No campo religioso, a Igreja Católica Apostólica Romana possui o maior rebanho de fiéis da cidade, sendo composta por 4 Paróquias: Nossa Senhora da Piedade(Centro), Santa Luzia (Pov. Colônia 13), Nossa Senhora das Graças (Pov. Genipapo) e Nossa Senhora de Fátima(Bairro Loiola) e por uma Quase Paróquia: Santa Luzia (Bairro Boa Vista). A cidade de Lagarto faz parte da Diocese de Estância, a imagem da Padroeira é coroada canonicamente por ordem do Papa João Paulo II, havendo no Brasil apenas outras três coroadas de tal forma. A Paróquia Nossa Senhora da Piedade vem se destacando pelas inúmeras vocações sacerdotais, sendo terra natal de dois bispos Dom Dulcênio Fontes de Matos e Dom Frei João da Costa, cerca de 20 sacerdotes e 4 seminaristas. Destaca-se a presença de três ordens Religiosas na cidade: Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho e Pias Mestras Rosa Venerini, que atuam no campo da educação e as Religiosas Irmãs Camilianas que atuam no campo da saúde. Os eventos religiosos como as Vias Sacras, Novenas, Cristo Vive, Novenário de Nossa Senhora da Piedade. Bem como o Congresso da Catedral Batista, Projeto Jonas e o Lagospel Music, ambos organizados por Igrejas Cristãs Protestantes. Também merece destaque as Igrejas Batistas, Assembleia de Deus, Adventista, Presbiteriana,Igreja do Evangelho Quadrangular e Universal do Reino de Deus. Além das religiões evangélicas também atuam no município a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e também tem as Testemunhas de Jeová que realizam o trabalho de visitar os lares das pessoas pregando o Reino de Deus.

[editar] Turismo

No município de Lagarto, há importantes pontos turísticos: Barragem Dionízio de Araújo Machado, Praça Dr. Filomeno Hora, Pedra da Arara, Cachoeira do Saboeiro, Fazenda Bonfim (Rio do Cristo), Fazenda Boa Vista da Cajazeira (por seu imponente casarão do século XIX em estilo colonial), Rios locais e o Santuário Mariano de Nossa Senhora da Piedade (onde existe uma imagem de La Pietá, que igual só há na Espanha, coroada com autorização de Sua Santidade o Papa João Paulo II). Há também festas anuais de renome estadual e nacional, são elas: LaGospel Music, Lagarto Folia, Silibrina(uma das mais tradicionais do Nordeste, com mais de 80 anos de tradição), Festival da Mandioca, Vaquejada de Lagarto, Exposição Estadual de Animais, Desfile Cívico-Militar, Festa da Padroeira, Forroreta, Madereta.
O turista, além de apreciar a beleza local, pode saborear deliciosos pratos da cozinha regional: arroz de galinha, sopa de mocotó, mugunzá, arroz doce, vatapá, maniçoba, caruru, beijú de tapioca, pé-de-moleque, malcasado, etc.

[editar] Filhos ilustres

  • Laudelino Freire - Advogado, jornalista, professor, político, crítico e filólogo, nasceu em Lagarto em 26 de janeiro de 1873, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de junho de 1937.
  • Sílvio Romero - professor, escritor, jornalista, filósofo, grande valorizador da cultura popular, jurista, deixou enorme obra literária que influenciou a cultura nacional.
  • Aníbal Freire - Escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
  • Joel Silveira - Jornalista e escritor brasileiro.
  • Dionísio de Araújo Machado - Chefe Político, prefeito por dois mandatos e o único lagartense a ocupar o cargo de Governador do Estado de Sergipe.
  • Filomeno Hora - Juiz de Direito, advogado, assassinado em 8 de janeiro de 1902, na praça que atualmente leva seu nome.

Referências

  1. a b Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
  2. IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 5 dez. 2010.
  3. a b c Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Página visitada em 11 de dezembro de 2010.
  4. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
  5. a b Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 11 dez. 2010.
  6. Área Territorial Oficial (HTML). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Página visitada em 30 de novembro de 2010.
  7. Estimativas da População em 2009 (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de Agosto de 2010). Página visitada em 29 de Novembro de 2010.
  8. Shopping começa a ser contruido em Lagarto (HTML). Portal Lagartense. Página visitada em 22 de Outubro de 2011.

[editar] Ligações externas

Obtida de "http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lagarto_(Sergipe)&oldid=27389715" Com certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

filme ponto final roberto bomtempo othon bastos

Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

filme ponto final silvio guindane othon bastos

Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

filme ponto final hermila guedes vermelhoShannon Bonatakis é uma pintora que mistura ao estilo caricatural um toque meigo na forma. Entretanto, entre os assuntos que ela aborda nas pinturas, muitos estão muito longe de serem fofos, pelo contrário, são provocativos e bizarros, frequentemente flertando com o surreal e quase sempre tendo figuras femininas como protagonistas. Essa dualidade entre forma e conteúdo gera interessantes obras.

Se quiser ver algumas pinturas mais sensuais da artista (que são as melhores, na minha opinião), acesse este post no Andarilho's NSFW - As sensuais pinturas caricaturais de Shannon Bonatakis.

Vejam:

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Uma tartaruga dá um bom chapéu.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

São os primeiros que destruímos.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Enquanto o mundo se despedaça.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Atazagorafobia - o medo de esquecer ou ser esquecido.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Bloody Mary.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Colapso.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheresShannon Bonatakis é uma pintora que mistura ao estilo caricatural um toque meigo na forma. Entretanto, entre os assuntos que ela aborda nas pinturas, muitos estão muito longe de serem fofos, pelo contrário, são provocativos e bizarros, frequentemente flertando com o surreal e quase sempre tendo figuras femininas como protagonistas. Essa dualidade entre forma e conteúdo gera interessantes obras.

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Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheresShannon Bonatakis é uma pintora que mistura ao estilo caricatural um toque meigo na forma. Entretanto, entre os assuntos que ela aborda nas pinturas, muitos estão muito longe de serem fofos, pelo contrário, são provocativos e bizarros, frequentemente flertando com o surreal e quase sempre tendo figuras femininas como protagonistas. Essa dualidade entre forma e conteúdo gera interessantes obras.

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Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheresShannon Bonatakis é uma pintora que mistura ao estilo caricatural um toque meigo na forma. Entretanto, entre os assuntos que ela aborda nas pinturas, muitos estão muito longe de serem fofos, pelo contrário, são provocativos e bizarros, frequentemente flertando com o surreal e quase sempre tendo figuras femininas como protagonistas. Essa dualidade entre forma e conteúdo gera interessantes obras.

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Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheresShannon Bonatakis é uma pintora que mistura ao estilo caricatural um toque meigo na forma. Entretanto, entre os assuntos que ela aborda nas pinturas, muitos estão muito longe de serem fofos, pelo contrário, são provocativos e bizarros, frequentemente flertando com o surreal e quase sempre tendo figuras femininas como protagonistas. Essa dualidade entre forma e conteúdo gera interessantes obras.

Se quiser ver algumas pinturas mais sensuais da artista (que são as melhores, na minha opinião), acesse este post no Andarilho's NSFW - As sensuais pinturas caricaturais de Shannon Bonatakis.

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Colapso.

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Não posso.

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Eu abro a saída.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Em minha humilde opinião.

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Sorte nunca é demais.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Margot Helen

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

Perigo nos abismos.

Shannon Bonatakis pinturas caricaturais surreais mulheres

A morte de O-Ren Ishii.
Imagens via Facebook de Shannon Bonatakis.

Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

yan wei ilustrações bizarras creepy

Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

yan wei ilustrações bizarras creepy

Lágrimas.

yan wei ilustrações bizarras creepy

Cuidado com a língua.

yan wei ilustrações bizarras creepyCom certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartazCom certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

filme ponto final roberto bomtempo othon bastos

Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

filme ponto final silvio guindane othon bastos

Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

filme ponto final hermila guedes vermelho

Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

yan wei ilustrações bizarras creepy

Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

yan wei ilustrações bizarras creepy

Lágrimas.

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Cuidado com a língua.

yan wei ilustrações bizarras creepyCom certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

filme ponto final roberto bomtempo othon bastos

Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

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Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

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Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

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Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

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Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

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Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

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O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

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Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

filme ponto final hermila guedes vermelho

Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

yan wei ilustrações bizarras creepy

Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

yan wei ilustrações bizarras creepy

Lágrimas.

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Cuidado com a língua.

yan wei ilustrações bizarras creepyCom certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

filme ponto final roberto bomtempo othon bastos

Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

filme ponto final silvio guindane othon bastos

Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

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Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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Cuidado com a língua.

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filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

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Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

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Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

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Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

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Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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Lágrimas.

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Cuidado com a língua.

yan wei ilustrações bizarras creepyCom certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

filme ponto final roberto bomtempo othon bastos

Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

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Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

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O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

filme ponto final silvio guindane othon bastos

Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

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Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

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Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

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Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

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Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

filme ponto final silvio guindane othon bastos

Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

filme ponto final hermila guedes vermelho

Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

yan wei ilustrações bizarras creepy

Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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Lágrimas.

yan wei ilustrações bizarras creepy

Cuidado com a língua.

yan wei ilustrações bizarras creepyCom certeza você já deve ter ouvido alguém falar a frase engraçadinha que "na vida, tudo é passageiro... menos motorista e cobrador". Essa gracinha esconde um clichê, que apesar de ser clichê, não deixa de ser verdade: na vida, realmente tudo é passageiro. Todos somos efêmeros diante dos caminhos que existem. Essa é apenas uma das várias reflexões pela qual o filme brasileiro Ponto Final passa. (E se você quiser saber a minha opinião geral sem ler o texto que ficou enorme, é: eu gostei do filme.)

filme ponto final poster cartaz

O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

filme ponto final roberto bomtempo othon bastos

Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

filme ponto final julia bernat roberto bomtempo

Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

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O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

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Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

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Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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Cuidado com a língua.

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O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

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Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

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Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

filme ponto final roberto bomtempo hermila guedes

Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

filme ponto final roberto bomtempo

O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

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Neste contexto, é interessante e irônico que uma das únicas cenas de crítica social que se salvam é justamente uma que não é ancorada no texto, mas em técnicas cinematográficas. É quando o cobrador parece "preso" na traseira do ônibus, pelas ferragens que compõem o ônibus e seus suportes para mãos, e a câmera vai se se afastando, mostrando que, apesar do seu discurso recorrente (que a burguesia acaba sendo refém de si mesma, pelo medo e insegurança), ele também se encontrava preso, por outros motivos, mas ainda assim, preso. Trancado. A chaves.

Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

Essa dicotomia entre o infantil e o que poderia ser considerado infernal, é o mais interessante da obra do artista. Vejam:

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Menino abrindo a cabeça. Literalmente.

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O fio condutor de Ponto Final é Davi (Roberto Bomtempo), marido de Helena (Dedina Bernadelli) e pai da jovem e sonhadora Beatriz (Julia Bernat). Davi passa por maus momentos, tendo que superar o seu casamento fracassado e especialmente, o assassinato da filha, entrando numa espiral de dor, revolta e desesperança. O que ajudará Davi a começar a se reerguer é um fortuito encontro dele com uma Mulher(Hermila Guedes), que também tem suas cicatrizes emocionais, num ônibus, onde eles começam uma franca e filosófica conversa. Depois desse encontro, os dois irão encontrar novas formas de viver.

Se você bem reparou, o parágrafo acima com a sinopse praticamente entrega a história toda. Peço desculpa por não conseguir sintetizar melhor a história, mas a verdade é que ela é realmente bem simples. Ponto Final é um daqueles filmes que a história é praticamente sabida de antemão (como quase sempre acontece com comédias românticas, por exemplo), mas que se esforça na forma de contar para se diferenciar. E neste quesito, Ponto Final é bem peculiar.

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Ponto Final é um filme surrealista. Contado de forma não linear, o filme mistura cenas comuns, ordinárias (como nos flashbacks em que Beatriz aparece se aprontando pra escola ou no flashback da Mulher dançando) com cenas passadas num universo onírico, tipicamente de sonho (como quando a Mulher do ônibus entra para o seu apartamento que é na verdade dentro de um ônibus, ou quando Davi e a Mulher conversam sentados num banco de ônibus e o que se vê a volta é apenas a carcaça do ônibus com o resto de cenário fora do ônibus todo escuro).

É ainda interessante notar como o diretor Marcelo Taranto (também co-roteirista ao lado de Francisco Azevedo), vai mesclando algo mais concreto com algo mais surreal, em alguns bons momentos. Na sequência em que os dois personagens principais se conhecem, Mulher e Davi, no ônibus, reparem como o cenário (o ônibus) começa de um jeito e vai se transformando, se tornando mais onírico. As mudanças são sutis. Primeiro, os dois num ônibus normal, depois o cenário vai perdendo elementos, até culminar numa carcaça vazia. Além de ser interessante visualmente, essa mudança também abre espaço para a interpretação de simbolismos e metáforas que renderiam um texto ainda maior do que este.

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Ainda no quesito visual, é bom notar o ótimo trabalho da direção de arte, que conseguiu um ótimo resultado nesses cenários, tanto os escancaradamente oníricos, quanto os que se aproximam da realidade e mesclam os dois mundos, onde paredes ou os lados da cama têm substituídos os seus materiais normais por peças metálicas típicas de pisos de ônibus, onde se é possível observar o padrão peculiar dessas peças (padrão que nada tem a ver com beleza, aliás, mas tem utilidade prática ao não deixar o piso do ônibus mais liso do que deveria).

Apesar disso, Ponto Final é um filme bastante teatral. Apesar do bom trabalho nos existentes, a quantidade de cenários é baixa e frequentemente o espectador toma consciência de detalhes dele, por meio dos diálogos. Por exemplo, quando Davi e a Mulher, depois de saltar do ônibus e caminharem um pouco, se sentam no meio-fio, eles conversam sobre como as pessoas olham para eles, com uma certa estranheza ou desaprovação (e emendando uma crítica social, dizendo que se estivessem aos trapos, ninguém notaria). Entretanto, o que é mostrado na cena é um cenário tipicamente de estúdio, totalmente vazio.

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Isso ao mesmo tempo aumenta o surrealismo do filme e o aproxima de uma peça de teatro, o que é quase certo que seja proposital, dados outros elementos presentes na película. Além dos diálogos serem a força motriz do filme, sobretudo as longas e filosóficas conversas entre Davi e a Mulher, a própria atuação dos atores parece seguir uma atuação teatral (mesmo que seja ótima, como realmente é, ainda assim, teatral). Seja na postura, no olhar ou na impostação da voz (projetando-a como se ela tivesse que alcançar o fundo do teatro, por exemplo), é quase como se presenciássemos uma peça. Some-se a isso, os muitos monólogos do Motorista (Othon Bastos) e do Cobrador (Silvio Guindane) do ônibus, que surgem falando diretamente com o espectador (técnica conhecida como quebra da quarta parede, alusão à quarta parede - transparente - que seria por onde os espectadores assistiam os acontecimentos no cenário de três paredes em um teatro).

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O que mais chama a atenção de Ponto Final é o seu texto. Realmente ele me parece mais apropriado para a literatura (e talvez para o teatro). Extenso e filosófico, o texto tem sim alguns momentos clichês de auto-ajuda ("Ponto Final é saída obrigatória, é fim de linha. Mas também – questão de tempo – é ponto de partida e recomeço"), mas que nem por isso deixam de lançarem uma reflexão, como a frase citada anteriormente. "Acabar é mais do que morrer", "Cobrar e dar o troco, a isso se resume a vida", "Tocar alguém é diferente de ser tocado, o tato é outro", são alguns exemplos dos excelentes textos que provocam no filme.

Nem tudo é perfeito, entretanto. A crítica social (sobretudo nos "diálogos" do Cobrador com o espectador) e as metáforas envolvendo chaves (as que trancam, escondendo e gerando medo, e as que "dão vida ao motor"), que de certa forma também têm a ver com a crítica social, não soam orgânicas na história, parecem um tanto forçadas (e repetidas à exaustão) para se encaixarem na maioria das vezes (talvez pela montagem, pela insistência de mostrar o cobrador e seus monólogos antes de outras partes).

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Como um usuário do transporte coletivo rodoviário (também conhecido como ônibus), digo que gostei muito de Ponto Final. Em certa altura do filme, Davi diz que a sua filha Beatriz adorava andar de ônibus, que ela aprendia muito neles, que nos ônibus era um dos melhores lugares para se aprender sobre o ser humano. Concordo plenamente. Quem anda de ônibus, geralmente tem histórias pra contar, e o filme também tem algumas boas. Ou melhor, a Mulher interpretada Hermila Guedes tem boas histórias. Destaco aqui a do rapazinho de uniforme e do vestido vermelho. Excelente.

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Enfim, Ponto Final é um filme diferente. É um filme literário, no sentido de que seu texto seria mais adequado a um livro (e talvez seja, pois o filme é baseado em uma obra, cujo título não anotei quando subiam os créditos e não achei informações sobre isso na internet). É também um filme surreal e não linear, que mistura uma realidade concreta com uma mais adequada a sonhos ou pesadelos. Por isso, não é um filme pipoca, pra qualquer um. Some-se a isso, ainda seu ritmo lento e baseado em diálogos (entre os personagens e com o espectador). Entretanto, quem estiver disposto a embarcar numa viagem de ônibus da linha São Cristóvão (o ônibus que aparece no filme, e cujo destino tem o nome do santo ligado a coisas de viagens, como diz a wikipedia sobre São Cristóvão), com certeza vai passar por ótimos pontos até chegar ao seu destino. Ou ao Ponto Final.

Trailer:



Para saber mais: site oficial do filme Ponto Final.

As macabras e surreais ilustrações de crianças infernais de Yan Wei

6:18 PM by Andarilho
As ilustrações de Yan Wei têm um um traço que pode ser considerado caricato, infantil. Mas o que elas mostram passam longe de qualquer tipo de inocência. São ilustrações que retratam na maioria das vezes, crianças ou pessoas com aspecto infantil, em situações surreais que não raramente descambam para o sombrio, macabro e até mesmo, o gore e o erótico.

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[editar] Política

[editar] Bole-Bole x Saramandaia

Em Lagarto existe uma briga histórica entre esses dois grupos políticos, inspirada na novela da Rede Globo Saramandaia, uma cidade pequena onde havia dois grupos políticos, onde a questão maior era mudar o nome da cidade de Bole-Bole para Saramandaia. Em Lagarto no início as principais lideranças eram Dionízio Machado e Artur de Oliveira Reis (Artur do Gavião) pelo SARAMANDAIA e Rosendo Ribeiro Filho (Ribeirinho) pelo BOLE-BOLE, mas devido a idade avançada dos dois caçiques, os dois gupos agora estão sendo liderados por: Saramandaia - Jerônimo Reis/Lila Fraga; Bole-Bole - José Raimundo Ribeiro (Cabo Zé)/Luíza Ribeiro. Esses grupos vem se alternando no poder desde os anos 80. Atualmente a Prefeitura de Lagarto está sendo comandada por um "Bole-bole" - Valmir Monteiro.
Principais lideranças desses dois históricos grupos:
  • Saramandaia: Dionízio Machado (ex-prefeito, ex-governador e ex-vice-governador) Artur Reis (ex-deputado estadual e ex-prefeito),Zezé Rocha (ex-prefeito), Jerônimo Reis (ex-deputado estadual, ex-prefeito, ex-deputado federal).
  • Bole-Bole: Ribeirinho (ex-prefeito e ex-Deputado estadual), Cabo Zé (ex-prefeito e ex-deputado estadual).
  • Indeterminado: Prefeito Valmir Monteiro

[editar] Administradores

  • Sebastião D'Ávila Garcez (1897-1902)
  • José Cirilo de Cerqueira (1902-1910)
  • Gonçalo Rodrigues da Costa (1911-1912)
  • Felipe Jaime Santiago (1912-1913)
  • Antônio Oliva (1914-1917)
  • Joaquim da Silveira Dantas (1918-1921)
  • Acrísio D'Ávila Garcez (1922-1925)
  • Porfírio Martins de Menezes (1926-1930)
  • Rosendo de Oliveira Machado (1931-1934)
  • Artur Gomes (interventor) (1935-1938)
  • Armando Feitosa Horta (interventor) (1939-1942)
  • José Marcelino Prata (interventor) (1943-1946)
  • José da Silveira Lins (eleito em 1946, governou pouco tempo, sendo substituído por interventores)
  • Aldemar Francisco Carvalho (interventor) (1947-1949)
  • Manoel Emílio de Carvalho (interventor) (1947-1949)
  • Alfredo Batista Prata (1950-1954)
  • Dionísio de Araújo Machado (1955-1958)
  • Antônio Martins de Menezes (1959-1962)
  • Rosendo Ribeiro Filho (Ribeirinho) (1963-1966)
  • Dionísio de Araújo Machado (1967-1970)
  • José Ribeiro de Souza (Zé Coletor) (1971-1972)
  • João Almeida Rocha (Dr. João) (1973-1976)
  • José Vieira Filho (1979-1981)
  • Artur de Oliveira Reis(Artur do Gavião) (1982-1988)
  • José Rodrigues dos Santos (Zezé Rocha) (1989-1992)
  • José Raymundo Ribeiro (Cabo Zé) (1993-1996)
  • Jerônimo de Oliveira Reis (1997-2002)
  • José Rodrigues dos Santos (Zezé Rocha) (2002-2008)
  • José Valmir Monteiro (2009-2012)

[editar] Economia

Em Lagarto, as atividades econômicas estão expressivamente pautadas nos produtos agrícolas, com destaque no cultivo de Tabaco e plantas cítricas. Na criação têm-se os rebanhos bovinos, eqüinos, ovinos, suínos; e os galináceos. A industrialização do Tabaco movimenta a economia do município em que mais da metade de sua produção é exportada para outros estados. Destaca-se ainda neste setor as indústrias de embalagens, concessionárias de veículos, fábricas de móveis, fábricas de velas, indústrias de produtos químicos e indústrias do gênero alimentício. A cidade também se destaca no plantio da Mandioca, por este motivo é realizado no mês de junho o Festival da Mandioca que atrai dezenas de milhares de pessoas para a cidade no período festivo.
Há no comércio local, aproximadamente 500 lojas de artigos diversos, duas lojas do Gbarbosa, sendo um Hipermercado, e também um Supermercado do grupo Wal-Mart, tendo como bandeira o Todo Dia. Há diversas revendedoras de carro de passeio e máquinas agrícolas, bem como de peças.
Dispõe de 6 agências bancárias, dos seguintes bancos: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste, Banese, Bradesco e Itaú.
No artesanato têm-se trabalhos em crochê, bordados em ponto-de-cruz e fabricação de vassouras de palha.
Afora essas atividades, há ainda uma feira livre. É uma das maiores do Estado de Sergipe e acontece toda segunda-feira, desde a madrugada até o entardecer. Todo o entorno da Praça Rosendo Ribeiro Filho é ocupado pela feira, que está subdividida em setores: frutas, verduras, carne, farinha, trocas, madeiras, roupas.
Há grandes empreendedores no Município, em que suas empresas geram milhares de empregos diretos e indiretos, e atua em vários setores da economia, da indústria à construção, do comércio à educação superior.
Está em construção um Shopping, [8] idealizado pelo empresário Zezé Rocha, o empreendimento deverá gerar cerca de 2.700 empregos diretos e indiretos. A área de construção será de mais de 30mil m² e o investimento em torno de R$ 80 milhões. O local escolhido para a localização do shopping foi estratégico, e ficará próximo ao Campus da UFS. O projeto prevê a instalação inicialmente de 145 lojas em dois pavimentos.

[editar] Estrutura urbana

[editar] Educação

As escolas de Lagarto incentivam muito a cultura e todo ano a Secretaria Municipal de Educação e Cultura organizam o tradicional Desfile Cívico-Militar de Lagarto, onde participam escolas da Rede Pública e Particular. As escolas que se destacam são: Públicas – Colégio Municipal Frei Cristóvão de Santo Hilário, Colégio Municipal Zezé Rocha, Colégio Estadual Professor Abelardo Romero Dantas (Polivalente), Escola Municipal Adelina Maria de Santana Souza, Colégio Estadual Silvio Romero (O mais antigo da cidade)Escola Estadual Dom Mário Rino Sivieri, Instituto Federal de Sergipe (Antiga UNED). Particulares – Colégio Nossa Senhora da Piedade (Colégio das Freiras), Colégio Cenecista Laudelino Freire, Grêmio Escolar Pequeno Príncipe, Fundação José Augusto Vieira, Colégio Mundial.
Instituições de ensino superior: Faculdade José Augusto Vieira, Universidade Vale do Acaraú, Universidade Tiradentes (EAD), Instituto Federal de Sergipe e o Campus Avançado da Saúde da Universidade Federal de Sergipe.
São características das escolas realizarem eventos e desfiles paralelos em diferentes épocas do ano: Carroceatas, Apresentações de Ballet, Projetos Pedagógicos, Palestras, entre outros.
Em 2008 a cidade de Lagarto recebeu o Prêmio EDUCAÇÃO NOTA 10, do Instituto Ayrton Senna, devido ao seu importante trabalho na educação, tanto na rede pública quanto particular.

[editar] Saúde

A cidade conta atualmente com o Hospital Regional de Lagarto que atende parte da população da região Centro-Sul do estado e o Hospital Nossa Senhora da Conceição. A cidade também possui duas Clínicas de Saúde da Família e outros centros de saúde, onde se destacam: Centro de Saúde Maria do Carmo Nascimento Alves, Centro de Diagnóstico Leandro Maciel - Posto do Leite, Centro Especializado Monsenhor Daltro, Unidade de Saúde do Povoado Brasília, Unidade de Saúde do Povoado Jenipapo, Unidade de Saúde da Colônia Treze.

[editar] Cultura e lazer

[editar] Folclore

Muitos grupos folclóricos fazem parte da cultura da cidade. Com o passar do tempo, muitos acabaram sendo esquecidos pela população local, entretanto, alguns continuam sendo preservados, tais como:
  • Chegança - Grupo de dança que retrata a luta entre reis católicos e turcos, pela reconquista do trono português
  • Parafusos - Esse grupo retrata a fuga dos escravos para quilombos. Ao passarem pelas vilas, eles roubavam anáguas de linho com babados das senhorinhas. Depois de serem libertados, desfilavam pelas ruas da cidade com as vestes. Segundo o historiador Adalberto Fonseca, o termo "Parafusos" foi criado pelo Padre Salomão Saraiva, que ao ver da igreja os escravos com saias exclamou que pareciam parafusos dançando. A expressão pegou e durante muitos anos, o desfile dos parafusos fazia parte do calendário folclórico da cidade.
  • Taieiras - Grupos de moças com vestes orientais que dançam em torno de um mastro enfeitado, ao som de música de zabumba, enquanto rapazes espadachins encenam lutas para proteger o casal real.
  • Cangaceiros- Grupos de homens vestidos como cangaceiros que relembram os atos de Lampião, visitando lojas e casas e pedindo comida e bebida, sob ameaça de agressão se não forem atendidos.
  • Zabumba- Grupo de homens que saem tocando instrumentos rúticos de percussão para animar festas de batizados, casamentos, e outras manifestações populares em troca de gorjetas, comida e bebida.
  • Quadrilhas - Grupo de rapazes, moças e até crianças que dançam músicas juninas sob o toque da sanfona. São apresentadas geralmente por escolas e atuam nos meses de junho/julho.
  • Silibrina - É uma comemoração antecipada da festa junina. Para alguns é até uma brincadeira eletrizante comemorando a chegada das festas juninas. É comemorada a mais de 80 anos e é organizada pelos fogueteiros :Zé Canuto, Dedé fogueteiro, Canuto filho, Sr. Defino , Hamilton Prata e Domingos da Colônia 13.
A silibrina é acompanhada pela banda de pífano e zabumbas do saudoso Zé Terreno e regada com muita cachaça.

[editar] Religião

No campo religioso, a Igreja Católica Apostólica Romana possui o maior rebanho de fiéis da cidade, sendo composta por 4 Paróquias: Nossa Senhora da Piedade(Centro), Santa Luzia (Pov. Colônia 13), Nossa Senhora das Graças (Pov. Genipapo) e Nossa Senhora de Fátima(Bairro Loiola) e por uma Quase Paróquia: Santa Luzia (Bairro Boa Vista). A cidade de Lagarto faz parte da Diocese de Estância, a imagem da Padroeira é coroada canonicamente por ordem do Papa João Paulo II, havendo no Brasil apenas outras três coroadas de tal forma. A Paróquia Nossa Senhora da Piedade vem se destacando pelas inúmeras vocações sacerdotais, sendo terra natal de dois bispos Dom Dulcênio Fontes de Matos e Dom Frei João da Costa, cerca de 20 sacerdotes e 4 seminaristas. Destaca-se a presença de três ordens Religiosas na cidade: Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho e Pias Mestras Rosa Venerini, que atuam no campo da educação e as Religiosas Irmãs Camilianas que atuam no campo da saúde. Os eventos religiosos como as Vias Sacras, Novenas, Cristo Vive, Novenário de Nossa Senhora da Piedade. Bem como o Congresso da Catedral Batista, Projeto Jonas e o Lagospel Music, ambos organizados por Igrejas Cristãs Protestantes. Também merece destaque as Igrejas Batistas, Assembleia de Deus, Adventista, Presbiteriana,Igreja do Evangelho Quadrangular e Universal do Reino de Deus. Além das religiões evangélicas também atuam no município a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e também tem as Testemunhas de Jeová que realizam o trabalho de visitar os lares das pessoas pregando o Reino de Deus.

[editar] Turismo

No município de Lagarto, há importantes pontos turísticos: Barragem Dionízio de Araújo Machado, Praça Dr. Filomeno Hora, Pedra da Arara, Cachoeira do Saboeiro, Fazenda Bonfim (Rio do Cristo), Fazenda Boa Vista da Cajazeira (por seu imponente casarão do século XIX em estilo colonial), Rios locais e o Santuário Mariano de Nossa Senhora da Piedade (onde existe uma imagem de La Pietá, que igual só há na Espanha, coroada com autorização de Sua Santidade o Papa João Paulo II). Há também festas anuais de renome estadual e nacional, são elas: LaGospel Music, Lagarto Folia, Silibrina(uma das mais tradicionais do Nordeste, com mais de 80 anos de tradição), Festival da Mandioca, Vaquejada de Lagarto, Exposição Estadual de Animais, Desfile Cívico-Militar, Festa da Padroeira, Forroreta, Madereta.
O turista, além de apreciar a beleza local, pode saborear deliciosos pratos da cozinha regional: arroz de galinha, sopa de mocotó, mugunzá, arroz doce, vatapá, maniçoba, caruru, beijú de tapioca, pé-de-moleque, malcasado, etc.

[editar] Filhos ilustres

  • Laudelino Freire - Advogado, jornalista, professor, político, crítico e filólogo, nasceu em Lagarto em 26 de janeiro de 1873, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de junho de 1937.
  • Sílvio Romero - professor, escritor, jornalista, filósofo, grande valorizador da cultura popular, jurista, deixou enorme obra literária que influenciou a cultura nacional.
  • Aníbal Freire - Escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
  • Joel Silveira - Jornalista e escritor brasileiro.
  • Dionísio de Araújo Machado - Chefe Político, prefeito por dois mandatos e o único lagartense a ocupar o cargo de Governador do Estado de Sergipe.
  • Filomeno Hora - Juiz de Direito, advogado, assassinado em 8 de janeiro de 1902, na praça que atualmente leva seu nome.

Referências

  1. a b Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
  2. IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial. Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 5 dez. 2010.
  3. a b c Censo Populacional 2010. Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). Página visitada em 11 de dezembro de 2010.
  4. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
  5. a b Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 11 dez. 2010.
  6. Área Territorial Oficial (HTML). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Página visitada em 30 de novembro de 2010.
  7. Estimativas da População em 2009 (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de Agosto de 2010). Página visitada em 29 de Novembro de 2010.
  8. Shopping começa a ser contruido em Lagarto (HTML). Portal Lagartense. Página visitada em 22 de Outubro de 2011.

[editar] Ligações externas

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